Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região

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Importante: Matéria "A sardinha está de volta em nossas águas"

A sardinha está de volta em nossas águas

 

 

Nos últimos anos muito se escuta falar sobre uma suposta grave crise nas capturas do recurso Sardinha nas regiões Sul e Sudeste.

Um dos aspectos apontados é a drástica redução do volume de captura, 223 mil toneladas no início da década de 70 para as atuais 85 mil toneladas/ano (projeção para 2009).

A primeira vista pode-se inferir que o estoque da sardinha está em perigo!

Inclusive, há cerca de um ano cogitou-se até em propor uma moratória para a pescaria da sardinha por um prazo de 20 meses!

Uma produção acima de 200 mil toneladas é questionável uma vez que a fragilidade das estatísticas pesqueiras indica que muito provavelmente houve duplicidade no cômputo da produção, por exemplo, a mesma sardinha capturada em Santa Catarina era também contabilizada por ocasião da sua comercialização no Rio de Janeiro.

Ademais, é sabido que, nos dias de hoje, a demanda nacional de sardinha para ser processada nas indústrias e para consumo in natura no mercado interno está em torno de 100 mil toneladas/ano.

Fica a pergunta: como o mercado, há mais de trinta anos, poderia absorver uma produção superior a 200 mil toneladas?

A realidade é que os órgãos governamentais responsáveis pelo ordenamento do recurso continuam trabalhando de maneira independente, sem trocar informações atualizadas e sem um planejamento estratégico cuja base deveria estar no acompanhamento regular da atividade.

Será que se conhecendo um pouco da biologia da sardinha (altas taxas de fecundidade, altas taxas de mortalidade natural, ciclo de vida curto e crescimento rápido), das capturas ocorridas nos últimos seis anos (2004 -2009), do número de dias disponíveis para pesca neste período (apenas sete meses por ano devido a parada durante o defeso) e do elevado número de dias que não ocorreram capturas por falta de compradores pode-se continuar afirmando que um dos pescados mais populares do país, a sardinha, corre o risco de desaparecer ?

O quadro abaixo mostra que o recurso está em franca recuperação:

 

                       ANO         CAPTURAS (ton.)                                                                       

                       2004              53421                            

                       2005              42652                           

                       2006              54201                           

                       2007              54903                           

                       2008              76000                                              

                       2009              85000 (projeção)                     

 

O período crítico foi de 2000 a 2003 com uma média de captura de 26000 toneladas/ano enquanto que no período de recuperação de 2004 até 2009 estamos com uma média 60000 toneladas/ano, ou seja, uma recuperação em volume de 137 %.

É importante notar que o recurso sardinha apresenta um ciclo de vida de no máximo quatro anos, sendo este reduzido ciclo compensado com uma elevada capacidade de recuperação (desova).

O ciclo 2004 a 2009 já estabelece seis anos de estabilidade estando 02 anos acima do ciclo máximo de vida de uma geração de sardinha. Trata-se de uma forte indicação que a biomassa do estoque desovante tem possibilitado a renovação deste mesmo estoque.

Atualmente a grande oferta de sardinha, às vezes superior a 1000 ton./dias, tem superado em muito a capacidade de demanda do mercado o que tem acarretado numa diminuição significativa na produção por parte das traineiras, excessivas perdas por falta de comprador e queda no preço médio de vendas da primeira comercialização.

O recurso já retornou e a sobrepesca não existe porque não existem compradores, não existe mercado e a demanda que existe é limitada por vários fatores, inclusive pela localização dos cardumes.

Está na hora de divulgar para a sociedade a verdadeira realidade onde a pesca da sardinha está sendo praticada de forma sustentável, em que pese ainda existir algumas deficiências na sua cadeia produtiva, como a pouca capacidade do nosso parque industrial para o congelamento do excedente da produção e, principalmente, no que diz respeito à fragilidade da fiscalização nos períodos de defeso.

 

 

Wilson Santos e Flávio Leme

Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro - SAPERJ