Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região

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(RS) Estudantes vão experimentar anchoíta na merenda escolar

(RS) Estudantes vão experimentar anchoíta na merenda escolar

 

 

Saudável, nutritivo, saboroso, abundante, sustentável e economicamente viável. Essas são algumas características da ainda pouco conhecida anchoíta. Peixe que, nessa e na próxima semana, será oferecido em refeição para milhares de crianças da rede pública de ensino do Rio Grande do Sul. Por conta de seu tamanho pequeno - entre 12 e 17 centímetros – a anchoíta não despertou até então o interesse da indústria pesqueira no Brasil. No entanto, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), através de estudos, identificaram uma grande quantidade do peixe, que é semelhante à sardinha, na costa sul brasileira e a oportunidade de fazer do pescado uma alternativa de alimento economicamente viável.  “A anchoíta processada no nosso projeto permitiu gerar uma alternativa alimentar extremamente nutritiva, pois possui baixo teor de gordura e de sódio, alta concentração de ômega 3 e ômega 6, benéficos ao sistema imunológico, à prevenção de doenças cardíacas e há até mesmo referências à prevenção do câncer”, explica o coordenador do projeto, o oceanógrafo Lauro Saint Pastous Madureira. desde esta segunda-feira, 7, até 11 de novembro, está ocorrendo o teste de aceitabilidade na merenda escolar da anchoíta. Mais de 50 mil estudantes do Ensino Fundamental irão experimentar o peixe em massa com molho de tomate.  Após a refeição, os alunos vão responder um questionário sobre a degustação do alimento. A avaliação é o instrumento utilizado para verificar se novos alimentos ou novas preparações serão aceitos pelas crianças e adolescentes. Em Rio Grande, 18.450 crianças de 35 escolas receberão o novo alimento, distribuído em 2.400 latas de anchoíta. Este teste avalia como os estudantes aceitaram o novo alimento, que é saudável e nutritivo. No entanto alguns municípios do Estado, por não terem uma tradição em comer pescado, podem ter uma menor aceitabilidade. Neste caso, o resultado do teste serve para identificar onde deve ser feito um esforço de educação alimentar. Além disso, os alunos receberão aulas sobre a ecologia da anchoíta, aprendendo sobre as correntes marinhas que trazem este pescado à costa, assim como sobre sua reprodução e alimentação.

 

 

Mercado para anchoíta

 

“O pescado possui grande potencial de mercado, seja institucional, seja para a produção de iguarias como anchoíta enlatada com azeite de oliva ou o aliche, produzido na Europa e vendido a altos preços”, destaca o oceanógrafo. De acordo com Madureira, a anchoíta apresenta um potencial estimado de captura sustentada, sem colocar em risco o estoque desse recurso, da ordem de 100 mil toneladas por ano, em especial no sul do País e em menor escala no sudeste. “É a única espécie considerada a capaz de aumentar a produção de pescado marinho no Brasil e deverá complementar a oferta de pescado no País”, comenta.  Atualmente, o Brasil consome cerca de 550 milhões de latas de sardinha ao ano, o que representa apenas 2,9 latas por ano por habitante. Nos últimos anos, o País tem importado entre 45 e 50 mil toneladas de sardinha ano para atender a indústria em complemento às cerca de 50 mil toneladas pescadas em nossa costa. O custo de importação é de cerca de 30 milhões de dólares ano.  A anchoíta aparece na costa brasileira em safras, os cardumes começam a surgir a partir de junho e o período de pesca estende-se até outubro/novembro. O estoque do peixe é compartilhado entre Brasil, Uruguai e Argentina e os cardumes migram entre as águas destes três países.

 

 

Sobre o projeto Anchoíta

 

O Projeto da Anchoíta surgiu com o intuito de introduzir no cardápio dos brasileiros uma alternativa alimentar extremamente nutritiva. As pesquisas iniciaram em 2005, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2010, o Projeto Anchoíta teve um novo financiamento desta vez com a participação direta do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), do CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação, em um investimento estimado em R$ 4,2 milhões.  O projeto conta com uma equipe multidisciplinar composta por oceanógrafos, químicos, engenheiros de alimento, economistas, engenheiros de computação, nutricionistas, engenheiros eletrônicos, biólogos, administradores, tripulações de barcos de pesquisa e de barcos de pesca, além de empresas e pessoal de linha de produção.  A coordenação é realizada pelo Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), onde também participam os setores de Química e Engenharia de Alimentos. O projeto atua diretamente com o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar Sul (Cecane Sul) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na UFRGS, também participam os setores de Química e Tecnologia em Alimentos. O projeto conta com a parceria das secretarias de Educação da Capital e do Rio Grande.

Fonte:Jornal Agora