CLIPPING SINDIPI II
ITAJAÃ, 26 DE NOVEMBRO DE 2007
Licitação sobre o direito de uso de lagos a oceanos, 1º concessão será em Itaipu: criação de pescado em cativeiro, outras concessões para empresas nacionais e estrangeiras que terão de pagar pelo uso, em 20 anos.
Secretaria Especial de Aqüicultura
MetrôNews Colunistas
26/11 01:17
Dar o peixe e ensinar a pescar
Depois da recente descoberta de petróleo de boa qualidade no campo Tupi, em Santos, que pode colocar o Brasil entre os maiores produtores - e em um de seus discursos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arriscou até a dizer que Deus é brasileiro em função disso -, uma outra notícia vai alegrar muitos pescadores que terão a certeza de que não ficarão sem peixes para garantir seu sustento e o de suas famílias.
Está em licitação o direito de uso de parte das águas do governo federal, de lagos a oceanos. A primeira concessão será em Itaipu, hidrelétrica do Paraná, que será dividida em 155 lotes para a criação de pescado em cativeiro. Nesse primeiro caso, a disputa será entre pescadores e ribeirinhos, que serão selecionados pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República.
Além do processo de seleção das famílias que terão garantido seu ganha-pão - nesse caso o ganha-peixe -, haverá também concessões para empresas nacionais e estrangeiras que terão de pagar pelo uso, determinado em 20 anos. Cada local terá um tipo de pescado definido pelo governo.
Nesse caso, ganha o empresário, que também terá de contratar mão-de-obra, e ganham as famílias ribeirinhas, que terão garantido o meio para seu sustento. As estimativas do governo é de um aumento na produção do pescado de 70% daqui a quatro anos, passando de 1 milhão de toneladas hoje para 1,7 milhão em 2011.
Ainda citando o governo, as águas onde haverá a concessão já são exploradas, mas de forma irregular, portanto, nada melhor do que legalizar a atividade e ainda garantir divisas para o Brasil.
Assim como todos neste País insistem em dizer que Deus é brasileiro, nada melhor do que aplicar um velho ditado para melhorar a qualidade de vida de algumas famílias: em vez de dar o peixe, ensine a pescar. E, se pensarmos bem nisso, nada mais do que justo que os pescadores parem de ficar à mercê da natureza, à espera de uma fisgada em seu anzol ou mesmo de descobrir o que cai na rede, que nem sempre é peixe, graças à poluição no mar e em muitos rios que hoje poderiam sustentar famílias inteiras. Aí me lembro do nosso rio Tietê que, contam as pessoas mais velhas, servia até para a prática da natação.
O rio passou por uma grande limpeza, onde foram "pescados" pneus, sofás, garrafas PET e outros produtos que já não serviam mais para pessoas, que se esquecem que, nem mesmo se Deus for brasileiro, ninguém vai conseguir limpar tão cedo os rios e córregos que cortam São Paulo, com tanta sujeira que se joga nele. Do contrário, em vez de garrafas PET, veríamos peixinhos pulando, e os urubus, que sobrevoam constantemente as marginais Tietê e Pinheiros, dariam lugar a lindas garças e outras aves graciosas. Mas tenho certeza que isso ainda acontecerá, assim que as árvores plantadas à s margens dos rios crescerem e segurarem a poluição dos carros e os objetos jogados pelo homem, que não pensa que virão outras gerações, que precisarão ter ar puro e rios limpos para pescar e sobreviver.
É isso aí! "Roseli Thomeu é jornalista
e ex-deputada estadual
(1990/1994).