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Audiência em Chapecó debate importação do filé de ``panga´´, que afeta piscicultura de SC
Audiência em Chapecó debate importação do filé de ``panga´´, que afeta piscicultura de SC
A Comissão de Pesca e Aquicultura da Assembleia Legislativa realiza, na próxima quinta-feira (8), em Chapecó, a partir das 9h, uma audiência pública para tratar do impacto da importação do peixe Panga, do Vietnã, na piscicultura catarinense. O debate reúne especialistas no setor, representantes da Epagri, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Ministério da Pesca e Aquicultura e produtores, na CÂmara Municipal de Vereadores (Rua Marechal Bormann, 320-E). A audiência foi proposta pelo deputado Padre Pedro Baldissera (atualmente licenciado do cargo), depois de manifestações de especialistas em aquicultura e produtores do Oeste catarinense. O filé da espécie, que chega ao Brasil com preços baixos, teve a importação proibida em alguns países europeus e nos Estados Unidos. Segundo especialistas na área, além de concorrer com a tilápia produzida pelos piscicultores catarinenses, preocupam as questões sanitárias envolvendo a criação do panga.
Conforme o professor e biólogo Gilmar Casagrande, que também atua no mercado relacionado à piscicultura, informações de especialistas na área indicam que as condições fitossanitárias de produção do panga são precárias. ``Os rios vietnamitas, segundo estes especialistas, sofrem todo tipo de contaminação orgÂnica e industrial. O panga é muito resistente a condições adversas, já que além do oxigênio da água, ele pode utilizar o oxigênio que está no ar, pela sua configuração física´´, explica Casagrande. Além disso, preocupa a possibilidade de introdução da espécie exótica em outras regiões, já que ele afeta criações de peixes nativos. O requerimento para a realização da audiência foi encaminhado no início de abril pelo deputado estadual Padre Pedro Baldissera, presidente da Comissão, atualmente licenciado do cargo. O pedido foi feito ao parlamentar por aquicultores que produzem tilápias no Oeste de Santa Catarina. ``A princípio, o que ouvimos dos produtores catarinenses são questionamentos sobre a qualidade do peixe. A concorrência estaria prejudicando muito nossos piscicultores´´, afirma Padre Pedro. ``O papel da Comissão é mediar essa discussão, e vamos promover esse debate´´, complementa.
Produção afetada
A região Oeste tem centenas de pequenas propriedades trabalhando na criação de tilápias, numa média de 10 mil peixes por família. Toda produção é dirigida a pequenos abatedores, inspecionados pelas vigilÂncias municipais ou estadual, que transformam o peixe vivo em filé. A atividade cresceu muito na última década, em média 40% ao ano, o que motivou diversas famílias a ingressar no mercado. Nos últimos 60 dias, segundo Casagrande, a chegada do panga teria reduzido a venda do filé de tilápia em até 50%, o que já paralisou os abates em alguns frigoríficos, levou a demissões e está causando preocupações aos agricultores que trabalham na aquicultura. ``Durante a Quaresma, no pico do consumo, estávamos com mais de 100 toneladas de tilápias passando do ponto de abate. E o que vimos é que alguns bares e restaurantes ofereciam o panga como filé de tilápia, sem que o consumidor soubesse a diferença´´, afirma.
O quilo do filé de panga é comercializado por R$ 8, enquanto somente o custo final do quilo do filé de tilápia é de R$ 11, sendo comercializado por cerca de R$ 13. O piscicultor ganha, em média, R$ 3,20 por quilo de tilápia viva.
Fonte: Site da Assembléia Legislativa de SC